Escrita Cafeína

22 de nov de 2020

Andarilha

Conheci a Lúcia vagando como louca pela Lavagem.

Sua boca arrastava palavras das profundezas.

Coisas que ainda não conheciam explicação.

Palavras com gosto de origens.

Ela espalhava coisas primais pelos caminhos,

Desperdícios.

O povo da Lavagem não entendia seu jeito de vagar.

Ela cuspia por onde passava.

Em cada lagoa de cuspe um beija-flor se alimentava.

O entardecer pousava em seu ombro.

Sua mão servia de guarida para as lagartas.

Aqueles bichinhos se alimentavam ali e depois faziam seus casulos.

Só se via era borboletas voando de suas mãos.

A Lúcia era uma andarilha.

Marcos Andrade Alves dos Santos (Colaborador Oficial Escrita Cafeína)

Instagram: @marcosencante

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