Escrita Cafeína

12 de jun de 2021

Com medo de te amar, te amei

Confuso ando pela casa

Obrigando-me a viver nesses dias

Matando em meu peito a vontade de te ter.

Meu medo é que os teus olhos deixem de

Encontrar os meus que são fracos e que te querem

Desesperadamente, te querem!

Olho-te e de repente não és mais. Deixou de ser. Foi.

Doei-te o meu resto de amor. Tudo. E tu?

Entregou-me tuas migalhas, migalhinhas.

Te desejei como um pássaro preso em gaiola deseja voar

Engasgado, emaranhado, estilhaçado, entristecido.

Agora

Minha vida conto por segundos

Amo-te como amante nunca amado

Rio-te, choro-te, vivo-te, morro-te.

Tu, no entanto, é algo como uma presença

Esvanecida, esquecida, esquisita.

Amar-me, não me amas.

Morrer-me, nem passa pela tua cabeça.

Entregar-se a mim? Tu só me iludes!

Irei. Te deixarei ir. E não seremos mais. Nunca fomos.

Rafael Silva

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