Escrita Cafeína

9 de nov de 2020

Mata-borrão

Um mato de fim de era

Fechou o caminho velho

De rua não transitada

De nome já esquecido

Mata-pasto, mato grosso, mato alto

Mato rua, nome velho e memória

Ainda apago da lembrança a história

Do perjuro que me fez morrer à míngua

Virou a história lenda

A lenda tornou-se mito

E o mito morto o Estado

Do “nada havia antes"

Mata-pasto, mato grosso, mato alto

Mata a rua que morria devagar

E a foice e a enxada que matou

Marmeleiro que sequer disse um ai

Parede virou tijolo

Tijolo voltou a barro

E o barro assentado solo

Do limbo que nada lembra.

Sepultei a casa velha cuja alma

Já havia desabado para o sul

Onde a alma do negócio se mantém

Do vintém que aliena o homem nu.

Leandro Costa

Instagram: @entrearvoresememorias

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