Escrita Cafeína

28 de mar de 2022

O silêncio que não cala (Sandra Godinho)

Angélica flutuava no balanço do parque enquanto a mãe a assistia com olhos de desvelo, zelo e vigilância, formando um rugido dentro dela, vibrando por todo o corpo. O balanço, subindo e descendo, alimentando o infinito de felicidade desmedida, a ignorância infantil não vendo as asas quebradas, as unhas arrancadas, a boca deserta de dentes nas torturas e nas prisões, a ignorância enxergando outra vida por dentro. (O silêncio que não cala, Conto)

    2