top of page

Andarilha

Conheci a Lúcia vagando como louca pela Lavagem.

Sua boca arrastava palavras das profundezas.

Coisas que ainda não conheciam explicação.

Palavras com gosto de origens.

Ela espalhava coisas primais pelos caminhos,

Desperdícios.

O povo da Lavagem não entendia seu jeito de vagar.

Ela cuspia por onde passava.

Em cada lagoa de cuspe um beija-flor se alimentava.

O entardecer pousava em seu ombro.

Sua mão servia de guarida para as lagartas.

Aqueles bichinhos se alimentavam ali e depois faziam seus casulos.

Só se via era borboletas voando de suas mãos.

A Lúcia era uma andarilha.



Marcos Andrade Alves dos Santos (Colaborador Oficial Escrita Cafeína)


Instagram: @marcosencante

Posts recentes

Ver tudo

Cavaleiro Negro (Aline Bischoff)

Onde vais pelas trevas impuras, cavaleiro das armas escuras (...) Cavaleiro, que és? – que mistério Que te força da morte no império Pela noite assombrada a vagar? Álvares de Azevedo Por que é que voc

Brinquedos (Alessandra Barcelar)

Lucas e Adalberto escreveram sua carta ao Papai Noel juntos. Empolgados, eles conversaram sobre o que fariam quando recebessem seus brinquedos. Lucas pediu uma bola e Adalberto um carrinho de madeira.

Múltiplas (Valéria Pisauro)

Dentro de mim cadeado, Porta aberta, cárcere privado, Ventre ancestral do tempo, Dentro de mim, muralha, Que a palavra não apaga Chica da Silva, Marielle, Anita, Dandara, Pagu, Maria Quitéria, Maria B

Deixe seu comentário:
bottom of page