Queria dizer assim – Me belisca!...
É um sonho, preciso logo acordar.
Quero olhar como quem pisca...
e voltar do sonho com alma mística.
Mas as palavras me fogem, ariscas...
e não arrisco esse despertar.
Queria dizer trisca em mim, trisca...
mas nada me leva a morder a isca.
Sei que feliz ou infeliz , sigo à risca...
Hei de decifrar esse enigma milenar:
Um sonho dentro do sonho confisca
outro sonho... e sonha outra logística
Minha mão cede às palavras, e só rabisca
que o sonho há de ser como o navegar,
que leva acenos a quem um doce petisca,
e segue sem volta, a vida toda heurística.
A minha voz ecoa e segue sarcástica,
a me dizer sem pena – Sonhe o sonhar,
nada há de superar uma veia artística...
e a parte e o todo em atitude holística.
Então a vida me flerta, acena-me turística,
como um passeio exitoso, mais que salutar...
Encontro neste sonho uma outra linguística,
uma epifania às avessas, plena, humanística!...
Celso Lopes
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