De manhãzinha, acordei
Chegando às cinco da matina, respirei
Aquele ar fresquinho de meu Deus
Que remexeu meus órgão tudinho, debrucei
Nas beiras da cama, ajoelhei
Agradeci por esse corpo que me carrega
É carne e é osso, mas não me arreda
Não me quebra e nem me deixa em maus bocados
Olhei lá para de cima, no céu, suspirei
Bati no peito, levantei,
que mais um dia vou saindo, trabalhar, suei
A camisa que é minha segunda pele, me veste, protege,
das daninhas escondidas nos fundos do agreste
Mas virgem Maria, isso é medo que se carregue?
Trabalhador que se preze tem é coragem de se viver, suei
Do batente que me dá fé e dignidade de ser humano
Humanidade pra ser quem sou
pisando no chão vermelho batido, ardido,
Que é caminho longo, mas que sei onde vai dar e aonde vou chegar, suspirei
A noite chegou mansa e vem trazendo junto aquela canseira, balancei
Na cadeira da sala que me aconchega, traz a paz e me oferece uma benção, respirei
Aquele ar puro, fresquinho das matas de meu Deus
Que aquietou-se meus órgãos tudinho, debrucei
Por toda cama que me abraça, de palha seca me aquece até a alma
Dorme que vem mais um dia de viver, amadurecer e agradecer.
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