
Tranco a porta do quarto, ou
melhor, da estação de trabalho.
Meu filho acorda logo depois e
começa a chamar por mim aos
prantos. Minha mãe dá um jeito de
entretê-lo.
Logo depois, o vizinho liga o rádio e
canta enquanto tento me concentrar
nas demandas do dia.
No intervalo não saio, mesmo
estando apertada pra ir ao banheiro.
Prefiro poupar minha mãe de um
novo escândalo do menino.
Mais um período de sossego e ele
volta a bater com força na porta
gritando "abre, mamãe!"
Minha mãe intervém de novo.
Ela prepara o almoço e uma vasilha
caí no chão justo no momento em q
estou com um cliente ao telefone.
A campainha toca e, como ela
demora a atender, a pessoa
começa a gritar "ô, de casa!"
Chega a hora do almoço. Saio do
quarto e ele dispara em minha
direção. Vou ao banheiro com ele
no colo, almoçamos no mesmo
prato e quando retorno ele abre o
berreiro.
Mais tarde, ao fim da jornada, abro
a porta e chamo por ele.
Minha mãe vem depressa me avisar
que ele está dormindo.
Como alguma coisa, tomo banho e
quando saio do banheiro ele está lá
com os braços abertos.
Como tirou uma sesta,
provavelmente, ficaremos até tarde
da noite acordados.
Amanhã por volta das 7h começa
tudo de novo.
Lilian Gonçalves
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