Queria eu que me enxergasse
Somente quem pudesse me ver.
Fantasma de mim mesma,
No mundo vagando sorrateira
Me esgueirando por trás de
Escuros escudos translúcidos.
Observo o mundo lá fora,
Mas não quero que vejam aqui dentro.
Construo muros ao meu derredor.
De eterno luto me cubro
Com o manto da solitude.
Solidão...
Melhor amiga...
A tudo compreende
E nunca é fingida.
Prefiro sua companhia
À de qualquer carne humana fria.
Quero passar despercebida
De toda alma distraída.
Que não veria outra cousa
Senão o exterior.
Não sei verbalizar o que sou.
As raras palavras que se evadem
Saem de cores e emoções desprovidas
Oriundas de uma alma abatida,
Ferida pela própria desventura de ser.
Motivo pelo qual preciso ser
Ingerida, acolhida e deglutida
Com a intensidade de átomos
Que ao se chocarem
Se explodam e se expandam,
Espalhando luz por todos os poros.
Se não for deste modo
Tampouco me interesso,
Por isso me abstraio
E volvo a ser matéria vaga
Em estado latente,
Com a eternidade toda para aguardar
Por esse outro olhar
Que nada precise falar
Para então me despertar.
Aline Bischoff
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