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Foto do escritorEscrita Cafeína

Carta aos Antologistas (Sammis Reachers)

Deus é o códice e a logosfera Donde todo verbo emana: A você, pequeno livro de DNA, Cabe adentrar as bibliocatedrais, Abrir os outros livros em sua fonte, Esposar em luz a profusão de periódicos, Os homens e(m) suas memórias; Mergulhe, vá!, polígamo pária, No Oceano de Papel do qual Você é o mais propício nauta; Execute seu trabalho Como compilador. Revista-se de anonimato Para celebrar os Nomes luminosos; Você é o cobrador de impostos Da sabedoria humana, E o seu mais fiel e abnegado tributário. Sua psicanálise é clara: Sofre da pulsão de abarcar. Sua sociologia é a mais chã e nua: Todo antologista é um civilizador, Um amigo do Homem. “Não há limites para o fazer livros”, E você, muar cargueiro de Gutemberg, Entendeu exato que, logo, Não há força que lhe impeça. O muito estudo, enfado da carne Que a muitos bem-intencionados Amolece, você pisoteia Com as botas de seu pragmatismo, Pois mortificar a carne É a sua ascese.


Da Literatura o filantropo & remendador De tropos e de trapos

Sua inamissível missão é afundar a Mão no caldeirão das Palavras

Para saciar os sempre nascentes Necessitados e a profusão

Dos sofomendicantes.


Nunca se envergonhe de sua milícia E labor: se outros, príncipes e reis Construíram incandescentes palácios E ebúrneas torres, você foi eleito Para construir pontes:

É nauta e é também pontífice. Fraterno elo da humana corrente. E guardião da despensa das almas,

A biblioteca. Você este acumulado, Você o portador das chamas

Que ardem em tinta, o coletivo velocino: Trabalha e confia.


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