Éramos 12. Perambulantes. Numa mistura que nos dava coesão. Andávamos como só naquela época podíamos, despreocupados e com todo o tempo a nosso dispor. Adolescentes, jovens, amigos. Éramos um. Grupo sem rumo, ou melhor, o rumo era estarmos juntos em caminhos, becos, vielas, areia que nos conectasse e levasse os diferentes passos a qualquer ponto em comum. Ríamos juntos, uns dos outros, dos outros. Chorávamos pelas
hoje banalidades, outrora catástrofes. Bebíamos em celebração e havia realmente o que celebrar, afinal de contas éramos 12. O vinho em comunhão a circular por todos nós, ébrios, comediantes por ocasião, eternos efêmeros. Independentes não éramos, mas em nossa frágil dependência da vida nos uníamos em semelhança. Parávamos extasiados, contemplativos à beira mar. A escutar os segredos de tantos jovens que pelas mesmas areias passaram e ainda hão de passar. O segredo era nosso e um só. Éramos todos um momento no intervalo curto de cada caminho, a nos cruzarmos, desfazendo-nos aos poucos em maresia...
Carine Mendes
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