No badalo do relógio
Do relincho do arauto
Para quem não tinha rádio
O prefixo era o mesmo:
— Olha a hora, Nascimento
Rodeando a avenida
Com ponteiro exibido
Hora exata era marcada
No trambelho bem ereto
— Olha a hora, Nascimento,
Meia casa andou o sol,
Mete o pé na rua velha
Foi-se embora o arrebol
No castigo da hora quente
Não se pode esmorecer
Para todos há ardor
Para alguns, boa mercê
— Fique atento, Nascimento,
Não deixe passar a vez.
A hora que foi, não volta.
Segure, no rabo, a rês.
No badalo do relógio
Do relincho do jumento
Nas matinas ou na sexta
O prefixo era o mesmo:
— Olha a hora, Nascimento!
Leandro Costa
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