A Beleza inventava lavagens de roupas só para conversar com as águas.
As águas irrigavam sua imaginação.
Mais ela também embebia o córrego de saudades...
Passava horas contando a ele sobre como se faz colorau.
A gente pobre da Lavagem sabia que a Beleza levava sonhos em sua bacia.
Em suas roupas não existiam verdades.
Mas havia verdade naquele caminhar manso e resistente:
Levantava-se com a saia pingando água.
Levava a rudia à cabeça.
Aprumava a bacia acima da rudia.
Fazia o pescoço firme.
O sol no meio do mundo.
Terra quente de rachar os calcanhares.
Mas as roupas são de imaginação.
Trafegando em caminhos do passado,
Os pés da Beleza pediam uma sombra para abrigar sua nudez.
Um cajueiro era o abrigo para gente despossuída.
Marcos Andrade Alves dos Santos
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