top of page

Lavagens da beleza

A Beleza inventava lavagens de roupas só para conversar com as águas.

As águas irrigavam sua imaginação.

Mais ela também embebia o córrego de saudades...

Passava horas contando a ele sobre como se faz colorau.

A gente pobre da Lavagem sabia que a Beleza levava sonhos em sua bacia.

Em suas roupas não existiam verdades.

Mas havia verdade naquele caminhar manso e resistente:

Levantava-se com a saia pingando água.

Levava a rudia à cabeça.

Aprumava a bacia acima da rudia.

Fazia o pescoço firme.

O sol no meio do mundo.

Terra quente de rachar os calcanhares.

Mas as roupas são de imaginação.

Trafegando em caminhos do passado,

Os pés da Beleza pediam uma sombra para abrigar sua nudez.

Um cajueiro era o abrigo para gente despossuída.


Marcos Andrade Alves dos Santos

Posts recentes

Ver tudo

Cavaleiro Negro (Aline Bischoff)

Onde vais pelas trevas impuras, cavaleiro das armas escuras (...) Cavaleiro, que és? – que mistério Que te força da morte no império Pela noite assombrada a vagar? Álvares de Azevedo Por que é que voc

Brinquedos (Alessandra Barcelar)

Lucas e Adalberto escreveram sua carta ao Papai Noel juntos. Empolgados, eles conversaram sobre o que fariam quando recebessem seus brinquedos. Lucas pediu uma bola e Adalberto um carrinho de madeira.

Múltiplas (Valéria Pisauro)

Dentro de mim cadeado, Porta aberta, cárcere privado, Ventre ancestral do tempo, Dentro de mim, muralha, Que a palavra não apaga Chica da Silva, Marielle, Anita, Dandara, Pagu, Maria Quitéria, Maria B

Deixe seu comentário:
bottom of page