O desafio era escrever sobre mãe e nos pomos quase automaticamente a fantasiar, cheios de orgulhos e pieguices, sobre as mães maravilhosas e em como traduzi-las em palavras. Afinal de contas estamos aqui a tratar da produção da vida em textos, sob vários formatos. Decidi, no entanto, fazer o oposto, ao invés de enaltecer esta figura ideal e idealizada, destaco apenas a palavra manifesta que a nomeia, numa folha que de resto permanece em branco. Não me tomem por ingrata, eu posso dizer com toda certeza que tenho uma mãe maravilhosa a celebrar neste dia. Porém, aqui neste espaço, não posso e não quero falar só em meu nome, ainda que não possa me destituir identitariamente do ato de escrever. Posso e devo refletir, por meio desta escrita, sobre as pessoas que não tem alguém a encarnar esta palavra, ou ainda, as pessoas cujas mães nunca representaram referências associativas benéficas. Devemos lembrar que uma mãe, seja ela quem for, é antes de tudo um ser humano, ambíguo, contraditório e passível de falha. Pois bem, deixo então aos leitores, e não à minha escrita, a tarefa de produzir associações em cima da palavra mãe, cheia, vazia ou suficiente dependendo de quem a lê. Reconheço, por fim, o estatuto das palavras vivas e que não cessam de ecoar, mãe...
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