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Foto do escritorEscrita Cafeína

Poema para o amanhã

Amanhã

Quando vieres, não sejas de hoje

Simples repetição

Sê surpreendente, chega de repente

Feito vento gelado

Em meio ao verão


Amanhã

Quando vieres, não sejas também

Tão prepotente

Chega simplesinho, chega com carinho

Pois serás a novidade

Temperada com o presente


Amanhã

Quando vieres, não sejas chão duro

Indiferente a quem lhe pisa

Sê planície aluvial, ou como areia do litoral

Infinito e maleável

Aos caprichos do mar e da brisa


Amanhã

Quando fores chão, não sejas duro com os pés

Ditando-lhes caminhos e compassos

Sê como um caminhante, sempre um passo adiante

Sê a orla de um futuro

Sempre aberto a novos passos

Amanhã

Quando vieres, não sejas simplesmente

Força fugaz que motiva

Sê alavanca do mundo, uma âncora em mar profundo

No tempo, não sejas passageiro

Sê a locomotiva


Amanhã

Quando vieres, não venhas imaculado

Feito papel em branco

Traz contigo um passado, feio, belo ou fracassado

E faz dele molde necessário

Para um destino mais franco


Amanhã

Quando chegares, não te apresses

Demora para ir embora

Sê extenso intervalo, sê contínuo regalo

Um presente lindo e constante

Feito nas variáveis do agora


Amanhã

Quando deixares de ser amanhã, ao partir

Deixa ao menos teu testemunho

Deixa rastros de amor, esboça o fim de toda a dor

Oh, amanhã, sê utopia definitiva!

Não sejas apenas mais um rascunho.

 

Amélia Greier

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