Não penso na flor: penso nos silêncios institucionalizados, nos assédios vivenciados, no preconceito estrutural, na equidade, na violência naturalizada, na desumanização do outro, na objetificação da mulher, nas mulheres negras, na invisibilidade das mulheres cientistas, na pluralidade do ser, no feminicídio, no gozo das mulheres, no não gozo das mulheres, nas pontencialidades perdidas, penso também nas poetas que se mataram, na raiva da Nina Simone, na virulência de Mississipi Goddam e no movimento terrorista em relação aos corpos das mulheres e toda essa carnificina. Penso então na flor, na flor como cinismo simbólico e espinhento que nada entende e prolifera a praga da docilização de nossos corpos.
Texto retirado do livro In-quietudes de Vandia Leal. Padê Editorial - Cole-sã escrevivências, n. 13.
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