Tempo I
Os dias tão iguais, para que demarcar o tempo?
Quero quebrar os relógios da casa, tivesse um,
porém, mesmo quebrados restariam os digitais.
O tempo infernal grita e obriga à sua presença.
Se História corre igual para tantos iguais a mim
em dias sem Tempo, por que o vício das horas?
Sem Tempo? Se temos todo tempo do mundo!
Apenas tempo demais, derramado desperdício.
Marcar os segundos, semanas, os meses (não,
meses não, maldigo) e contar todas as horas?
Inútil o presente o futuro melhor nem pensar,
só o passado nos traça no tempo da memória.
A demência do tempo, triste sintoma da doença.
Lúcio Autran
Do livro A DEMÊNCIA DO TEMPO - Poesia para não enlouquecer ou manual de sobrevivência- um diário poético da quarentena sob o signo de um Poder demente - em andamento
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