Confuso ando pela casa
Obrigando-me a viver nesses dias
Matando em meu peito a vontade de te ter.
Meu medo é que os teus olhos deixem de
Encontrar os meus que são fracos e que te querem
Desesperadamente, te querem!
Olho-te e de repente não és mais. Deixou de ser. Foi.
Doei-te o meu resto de amor. Tudo. E tu?
Entregou-me tuas migalhas, migalhinhas.
Te desejei como um pássaro preso em gaiola deseja voar
Engasgado, emaranhado, estilhaçado, entristecido.
Agora
Minha vida conto por segundos
Amo-te como amante nunca amado
Rio-te, choro-te, vivo-te, morro-te.
Tu, no entanto, é algo como uma presença
Esvanecida, esquecida, esquisita.
Amar-me, não me amas.
Morrer-me, nem passa pela tua cabeça.
Entregar-se a mim? Tu só me iludes!
Irei. Te deixarei ir. E não seremos mais. Nunca fomos.
Rafael Silva
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