O dito sentimento me acompanha desde sempre.
Ando pela cidade e quando chego na praça, deparo-me com casais que namoram. Pais que brincam com os filhos. Outras tomam seu chimarrão ou sua cerveja despreocupadamente com seu grupo de amigos.
Quanto a mim, ando sozinho pelas ruas em busca de companhia e sigo em meu caminho solitário pela cidade, pensando com meus botões sobre o paradoxo da solidão.
A impressão que passa é que as pessoas procuram evitar a solidão de qualquer maneira, com medo de serem rotulados de diferentes ou loucas, no entanto, a sociedade está cada vez mais solitária em seus muros, suas grades e seus computadores.
É nesse ponto que o paradoxo se manifesta. Elas acreditam que tem muitas amizades, no entanto estão sozinhas em casa digitando siglas estranhas como Vc, Tb, Blz e tantas outras que não entendo. Amizades curtas, rápidas e abreviadas.
Alguns rejeitam a solidão argumentando que ninguém é uma ilha e que necessitamos de amigos ao lado para sermos felizes, mas nem todos se sentem satisfeitos cercados de pessoas por todos os lados e desejam estar numa ilha deserta. Longe de tudo.
Existem mesmo os chamados lobos solitários que abrem mão da companhia em busca de sonho, aventura e morte.
Estes são tipos duros. Durões. Acham que são rochas. São ilhas que nunca choram. São movidos a adrenalina e vícios e partem atrás de emoções.
Concluí que talvez nós todos estejamos numa ilha deserta desde que nos entendemos por gente, afinal de contas, com algumas exceções nós nascemos sozinhos e mesmo que nós estejamos junto dos amigos, da família e da pessoa amada, a qualquer momento da vida, sentimos a necessidade de ficar sós.
O cantor Paulo Diniz, em sua música de grande sucesso As Estradas diz com exatidão sobre a solidão.
“Das estradas que o mundo tem, vou andando sem ninguém”.
Mário Gayer do Amaral
mariogayer@hotmail.com
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